A medicina regenerativa é uma nova abordagem aos cuidados de saúde, incluindo os cuidados de pele. É considerada a medicina do futuro. E, neste caso, o futuro já chegou aos nossos consultórios. Tal como o nome sugere, regenerar é a palavra de ordem. Esta área médica procura regenerar tecidos e órgãos danificados, restaurando a sua função normal, o que permite tratar doenças, mas também preveni-las. Quando perante uma situação de doença ou de envelhecimento de tecidos, o nosso corpo procura recuperar as pequenas lesões que vão ocorrendo. A partir do momento em que o normal processo de recuperação não é eficaz, a doença instala-se e os sinais de envelhecimento começam a ser visíveis. É aqui que a medicina regenerativa entra. Ela vai estruturar, otimizar e acelerar os processos biológicos de reparação.

A medicina regenerativa inclui diversos tratamentos nos quais se incluem os exossomas. Acredito que muitos nunca tenham ouvido falar desta palavra. A primeira vez que ouvi falar de exossomas foi há uns anos num congresso pelo seu potencial regenerativo aplicado à oncologia médica. O nome ficou na minha memória, porém nunca mais ouvi falar dele. No início ano passado, durante o AMWC (Aesthetic Medicine World Congress) no Mónaco, este nome voltou a surgir. O princípio era o mesmo que tinha ouvido anos antes, contudo agora estava a ser aplicado à pele.

A pele é o maior órgão do corpo humano. Embora grande parte da pele esteja protegida pelas roupas, as partes expostas desempenham um papel importante na vida social, sendo determinante para o desenvolvimento da confiança e autoestima, inclusive com implicações na vida profissional. O peso dos sinais de envelhecimento espelhados na pele é considerável na sociedade atual, visível na crescente procura de tratamentos de medicina estética. O envelhecimento é inexorável, todavia podemos escolher de que forma queremos envelhecer. A meu ver, escolher envelhecer de forma saudável será a escolha mais vantajosa.

Os exossomas são vesículas nanométricas que transportam biomoléculas e têm capacidade para ultrapassar barreiras e estimular diretamente as células-alvo, podendo por isso reparar funções. Parece complicado? Vou simplificar. Os exossomas dão informação, neste caso, à pele para que ela possa voltar a ser como era anos antes, promovendo a reparação, a hidratação e proteção da pele. Os exossomas são assim o substrato que a pele precisa para, por si só, voltar às caraterísticas que caraterizam uma pele saudável. Desta forma, os exossomas contribuem para um envelhecimento saudável.

Todos nascemos com uma pele lisa, luminosa, viçosa, com uma textura aveludada… a chamada “pele de bebé”. São essas caraterísticas que, ao longo da vida, vamos procurando recuperar.  Como hoje somos a versão mais nova do resto das nossas vidas, por que não procurar que essa seja a nossa melhor versão?

Pela capacidade de estimulação de colagénio, redução da inflamação e formação de novos vasos sanguíneos (revascularização), os exossomas permitem uma melhoria estrutural da pele, reparando danos e protegendo a pele de agressores externos, como o sol, a poluição, o tabaco e outros fatores que levam ao aparecimento de sinais de envelhecimento. Em paralelo, apresentam a capacidade de reparar lesões causadas por fatores endógenos. A presença de exossomas na pele vai também potenciar a eficácia de outros ingredientes ativos que possamos aplicar, como é o caso do ácido hialurónico ou de antioxidantes.

Assim, os exossomas estão indicados no tratamento de rugas, cicatrizes (cirúrgicas, de acne e outras), manchas (incluindo do melasma), permitindo dar luminosidade, viço e densidade à pele, independentemente da idade cronológica que apresenta. Pelos mesmos princípios, os exossomas podem ainda ser aplicados no couro cabeludo, como prevenção e tratamento da queda de cabelo, restaurando a saúde capilar.

O potencial de reparação e rejuvenescimento de tratamentos como a aplicação de exossomas é enorme. Acredito que ainda estejamos no início de um caminho que se prevê promissor.

A medicina regenerativa, hoje considerada inovadora, rapidamente fará parte do nosso dia-a-dia. Pelos resultados que tem apresentado, espero que este avanço médico mantenha o ritmo acelerado que se verificou no último ano com a expansão de tratamentos como a aplicação de exossomas nas diferentes áreas médicas.

Um artigo de opinião da médica Joana Parente, especialista em Medicina Geral e Familiar e Diretora Clínica na Clínica Joana Parente, em Braga.

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